terça-feira, 12 de dezembro de 2023

 Celebração do Solstício


Aqui nos juntamos como irmãos e irmãs, filhos da Mãe-Terra e do Pai Céu, para celebrar como o fizeram as gerações dos nossos Avós, para que nos escute o Espírito e o continuem a celebrar as gerações que nos sigam.

Levantando este chamado às Quatro Direcções aqui vos convidamos como família a vir acender e cuidar o Altar do Solstício, o Fogo Sagrado da Longa Noite, esta em que aguardamos o renascer da eterna criança.

Sexta-feira 22 de Dezembro, vamos suar e rezar no útero da Mãe para renascermos na cerimónia de Temazcal. Esperamos por vós a partir das 12h para juntos prepararmos o espaço. Acendemos o Fogo pelas 14h.

Com a clareza de propósitos iremos buscar ao bosque a árvore para alimentar Avô Fogo para a longa noite do Solstício. Nesse altar deixaremos os nossos rezos e intenções para a nova estação. Aí ancoraremos o nosso coração com o cântico para o acompanharmos até ao novo dia.

 

Trazer para o Temazcal:

Toalha e roupa para usar no Temazcal: calções, pareo, vestido leve                            

Oferenda para o guardião do Fogo: tabaco natural, cedro, sálvia, copal, resina de pinheiro, pau-santo                                                                                                  

Oferenda para o altar: sementes, flores, frutos em pequena quantidade simbólica        

Trazer um objecto pessoal para colocar no altar durante a cerimónia


Não esquecer também para a noite:

Saco cama ou mantas, roupa confortável, comida para partilhar e ou preparar, tambores, instrumentos musicais.

Para manter este espaço e quem dele cuida pedimos uma contribuição consciente de tua parte, com o valor de referência entre 20€ e 40€. Se não tiveres disponibilidade para dar este contributo não deixes de vir, pensa numa forma de contribuir que retribua o que aqui partilhamos, todas serão bem-vindas.

Contactos:

nacasadomocho*gmail.com

Por todas as nossas relações!


quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Temazcal


O Temazcal, a cerimónia da cabana de suar, da sauna ritual, é uma das mais ancestrais tradições sagradas comum a toda a fraternidade humana.

Também chamado Inipi, na sauna sagrada vimos a rezar, a purificar, a liberar, através da profunda comunhão com a energia de cura dos quatro elementos, Ar, Fogo, Água, Terra. Através da presença das Avós Pedras, conectamos com a memória planetária e cósmica que nelas está inscrita, ao aquecê-las no Fogo Sagrado vamos exaltar e libertar essas memórias e traze-las acessíveis aos nossos níveis subtis de consciência. Com as oferendas medicinais que nelas colocamos, Copal, Pau-santo, Salva, Alecrim, com o vapor de água que se eleva quando sobre Elas aspergimos as águas da Mãe-Terra purificamos a nossa mente, o nosso alento, todo o nosso Ser, com a temperatura elevada que nos faz suar libertamos o que nos intoxica e polui, física, psíquica e espiritualmente.

Ao entrar no Temazcal consagramos a sagrada união criadora entre a Mãe-Terra, as suas águas e o Fogo Sagrado, a tenda é o útero da Mãe e nele entramos para dele sairmos, no final da cerimónia, renascidos e renovados. O ritual do Temazcal é como todos os gestos sagrados um acto de vontade. A vontade de abandonar o que nos limita, libertar do que não nos pertence, a escória que durante a nossa vida se foi insinuando dentro de nós e limitando as nossas capacidades, escondendo e assombrando a nossa luz interior.

O Temazcal é a oportunidade que criamos para que num esforço de vontade possamos vir a transcender o nosso ego, libertando a integralidade do nosso ser e avançar nesta boa estrada que é o caminho da vida.

terça-feira, 1 de agosto de 2023

O Som Do Vento

Qual é o som do vento nas asas do mocho? Provavelmente nenhum, pois as asas das aves da noite têm penas suaves e doces que lhes permitem voar em silêncio. Assim voa a ave da sabedoria entre os humanos e é preciso aprender a escutar o vento para ouvir e apreender o conhecimento.

No bulício dos dias, no comércio das horas quotidianas da actividade humana entre ter, querer, ambicionar e prometer, entre publicidade, publicações, reivindicações e exigências, se passam os tempos e não se encontra com facilidade o momento de parar.

Ocupemos pois a nossa vida para preencher as necessidades que o nosso corpo ocupa e demos-lhe alimento e vestuário, cama e resguardo, mas não esqueçamos de agradecer a abundância com que somos abençoados e o esforço para a recolher, com que somos duplamente abençoados.

Há esta verdade maior: que a essência do que somos, a natureza do que vivenciamos é pelas coisas materiais suportada, mas não pode ser delas linearmente dependente.

Mas a humanidade, mulheres e homens, homens e mulheres, procura nas coisas a satisfação, a razão de ser, cria coisas em que procura ser, encontra motivos para ser uma coisa e outra, cria indústrias de coisas, coisas para serem coisas de ser coisas, coisas para serem coisas que distraem e indústrias de distração e entretenimento.

Nesta corrida pelas coisas muitos, uma maioria, fica aquém do que sentem confortável, muitos ficam aquém do que necessitam à sobrevivência. Outros, têm uma multidão de coisas mas correm e principalmente fazem correr por mais e mais e mais coisas, sem sequer lhes faltar algo às suas precisões.

Tantas coisas há e os que mais coisas têm recusam partilhar o que outros precisam e auxiliar com compaixão à sua sobrevivência. Porque as próprias coisas criam hábitos de ter, hábitos de consumir, hábitos de deitar fora, hábitos de nos distrairmos, de esquecermos de quem somos, hábitos de estar habituado.

O silêncio do voo do mocho, o movimento calmo que a Terra desenvolve em torno do Sol e a batida do nosso coração podem marcar outro ritmo afinal. Um ritmo ao passo do nosso espírito, um ritmo ao passo da nossa natureza, um ritmo que não seja a vã vantagem das coisas, a vaidosa vantagem das coisas. Um ritmo que não seja a exploração do que está vivo e nos envolve, seres animais e seres plantas, seres gigantes ou invisíveis, seres minerais e seres telúricos, seres humanos e seres cósmicos, afinal para só criar a artificialidade das coisas.

O vento sopra, o mocho abriu as asas, na linguagem desse movimento podemos encontrar, podemos saborear todas as respostas, todas as perguntas, todo o aceitar do que é perene e está além da diminuta existência lastrada do que é material, toda a divina realização do planar estático imanente ao sentido do que é estar vivo.

É com esta convicta dissidência que levados pelo sopro da vida saímos à luz do dia em busca do olhar do mocho, duma pena guarnecida, duma asa aberta, do piar ancestral que nos aprenda a nossa origem. Que somos um só, uma só raça, uma só espécie, que viemos todos do mesmo lugar e ao mesmo lugar todos chegaremos e retornamos.